domingo, janeiro 09, 2005

"Catástrofe globalizada"

Era isso que eu vinha pensando nos últimos dias. O Tsunami é a maior tragédia da Suécia e a que matou mais britânicos desde a Segunda Guerra Mundial. E aconteceu tão longe... Num artigo hoje na Folha, o embaixador Rubens Ricupero (o secretário geral da Conferência das Nações Unidas para Comércio e Desenvolvimento) fala que Bernard Debarbieux, professor de geografia da Universidade de Genebra, define o Tsunami como sendo "a primeira catástrofe natural globalizada" da História. Também me lembrava de Bam esses dias, tragédia que eu acompanhei de perto, ainda no JB, e que foi esquecida tão rápido. Ricupero - sim, aquele da parabólica - dessa vez mandou bem:

[A] diferença, dessa vez, é que as vítimas não se limitam a habitantes desconhecidos de países distantes. No terremoto de Bam, no Irã, pereceram mais de 30 mil pessoas, no de Tangshan, China (1976), foram 250 mil, no Congo, chega a 4 milhões o total de mortos pela guerra civil e a doença, na última década. Mas o que nos dizem essas cifras? Para citar, uma vez mais, o "Pai dos Povos": "A morte de uma pessoa é uma tragédia, a de um milhão é uma estatística". Enquanto se tratava de hecatombes uniformes atingindo massas indistintas de iranianos, chineses, congoleses, era difícil ao público ocidental identificar-se com seres cujos costumes pareciam estranhos e incompreensíveis. Agora, porém, quem morre não é só o pescador tâmul, o camponês de Sumatra, mas o velejador norueguês, o surfista sueco, o turista italiano, a criança alemã. Os afogados passam subitamente a ter nome e sobrenome, fotografias sorridentes de instantes felizes. Poderiam ser os vizinhos e, às vezes, o são. Nunca foi tão verdade a frase na entrada do cemitério de Céligny, perto de Genebra: "Ici, l'égalité", "Aqui, a igualdade".
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